Ezequiel,
o profeta das analogias, surge numa época terrível para o povo judeu: o exílio
da babilônia. As saudades de Jerusalém e o desejo de recuperar a vida que
levava na cidade santa mantinham-nos numa completa melancolia.
A cada dia,
cumpriam-se os terríveis oráculos outrora lançados pelo profeta jeremias.
Que esperança
restava aos judeus?
No trigésimo ano do
reinado de Joaquim, rei de Israel, no dia quinto do quarto mês, estando os
deportados nas margens do rio Quebar, a palavra do senhor é dirigida a um
levita que compartilhava junto com seus irmãos o exílio. Ezequiel é investido
por deus com uma altíssima missão profética. E para coloca-la em prática, deus
lhe deu uma força extraordinária e tirou de sua alma todo e qualquer medo, como
atesta o seguinte trecho de seu livro:
"tornarei o teu semblante
tão endurecido quanto o deles; vou dar a teu rosto a rigidez do diamante, que é
mais resistente que a rocha. Não os temas, pois, e não te deixes amedrontar por
causa deles, pois são uma raça de recalcitrantes" (ez 3, 8-9).
Ezequiel rompeu
definitivamente com o passado, conclamando o povo de israel a fazer o mesmo.
Que coragem e que valentia teve este profeta para animar um povo inteiro! Assim
como seu nome indica, deveria confortar os desterrados de Jerusalém.
Que estavam
aterrorizados pelo exilio, sem animo pelas derrotas sofridas, murmurando,
soterrados pelo pecado e com a espiritualidade abalada de toda desesperança em
deus.
Ezequiel foi chamado para indicar o contrário, que
deus tinha feito uma nova aliança com o seu povo sofrido e assim ele profetiza
em nome do senhor:
"eu vos
retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos
conduzirei ao vosso solo. Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão
de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações. Dar-vos-ei um
coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração
de pedra e dar-vos-ei um coração de carne." (ez 36,24-26)
Em certo sentido, a sua missão foi mais dura que a
de Jeremias, por não contar mais com o privilégio de profetizar no templo. Da
"cidade de deus, a mais santa morada do altíssimo" (sl 46, 5) não
sobrava mais do que escombros e cinzas. Seu campo de ação teve de ser a praça
pública, no meio dos idólatras e dos incircuncisos.
Entre as suas revelações, a visão do templo (cf ez
43, 5) foi uma das mais importantes por tratar-se de uma prefiguração da
igreja. A glória do senhor tinha se retirado da cidade em ruínas porque não podia
brilhar junto com a fraude e a idolatria. A construção de um novo templo, desta
vez no alto da montanha, a protegeria do contato com o profano.
Graças à sua pregação, os deportados compreenderam
a gravidade do seu pecado e o justo castigo que deus lhes impunha.
Ezequiel morreu antes de ver o seu ideal realizado,
mas as suas profecias foram cumpridas: em breve deus viria no meio deles e
habitaria no seu santuário para sempre.
Assim como celebramos hoje a ressurreição de cristo
e esperamos atentos e vigilantes o envio do seu espirito santo em breve em
pentecostes. Espirito santo que deus apresenta ao próprio Ezequiel. Espírito
santo que vem e que virá não so em pentecostes, mas em todos os dias da nossa
vida até a vinda de cristo. Espírito que reviverá a sua igreja. Espirito santo
que da vida aos nossos ossos ressequidos pelo desanimo, pela falta de oração e
pelo pecado.
Assim
como os exilados de Israel no tempo do profeta Ezequiel, hoje seremos
reavivados pelo dom do espirito santo derramado por nosso senhor Jesus cristo.
João Paulo Ribeiro; Membro consagrado Viva Chama
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