Bento XVI


"A verdade germinou da terra": os votos de paz na Mensagem de Natal a Roma e a todo o mundo. Apelo a solução politica para Síria



 “Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!”  Estes os votos de boas festas de Natal expressos pelo Papa, em português, no final da mensagem proclamada pelo Papa “Urbi et Orbi”, à Cidade de Roma e a todo o Mundo, ao meio-dia deste 25 de dezembro. As boas festas de Natal 2012, exprimiu-as Bento XVI em nada menos de 65 línguas, no desejo de transmitir efetivamente a todos os povos a mensagem de amor e de paz que provém do nascimento de Jesus Salvador.
“A verdade germinou da terra!”: foi esta expressão do Salmo 85 escolhida desta vez pelo Papa para a sua Mensagem natalícia, neste Ano da fé. Citando um comentário de Santo Agostinho àquelas palavras do Salmo, observou Bento XVI: “Que grande poder tem a fé! Deus fez tudo, fez o impossível: fez-Se carne. A sua amorosa omnipotência realizou algo que ultrapassa a compreensão humana: o Infinito tornou-se menino, entrou na humanidade.”
“Há, no mundo, uma terra que Deus preparou para vir habitar no meio de nós; uma morada, para a sua presença no mundo. Esta terra existe; e também hoje, no ano de 2012, desta terra germinou a verdade! Por isso, há esperança no mundo, uma esperança fidedigna, mesmo nos momentos e situações mais difíceis. A verdade germinou, trazendo amor, justiça e paz.”

A partir desta certeza da fé e da esperança, o Papa fez votos de paz em relação a diversas situações concretas, das mais dolorosas que se vivem neste momento, no mundo. A começar pela Síria… “Sim, que a paz germine para o povo da Síria, profundamente ferido e dividido por um conflito que não poupa sequer os inermes, ceifando vítimas inocentes. Uma vez mais faço apelo para que cesse o derramamento de sangue, se facilite o socorro aos prófugos e deslocados e se procure, através do diálogo, uma solução para o conflito.”

Da Síria à Terra Santa… Que também ali germine a paz… “A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor; que Ele dê aos Israelitas e Palestinianos a coragem de por termo a tantos, demasiados, anos de lutas e divisões e empreender, com decisão, o caminho das negociações.”

De Israel e Palestina, o Papa dirigiu o seu olhar aos países do norte de África, que – recordou – “atravessam uma profunda transição, em busca de um novo futuro”: “nomeadamente o Egipto, terra amada e abençoada pela infância de Jesus –, que os cidadãos construam, juntos, sociedades baseadas na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa”.

E do Médio Oriente e norte de África, ao continente asiático. Bento XVI fez votos de que também ali germine a paz. Que “Jesus Menino olhe com benevolência para os numerosos povos que habitam naquelas terras e, de modo especial, para quantos crêem n’Ele” – foram os votos do Papa, que prosseguiu com uma referência muito especial à China:
“Que o Rei da Paz pouse o seu olhar também sobre os novos dirigentes da República Popular da China pela alta tarefa que os aguarda. Espero que, no desempenho da mesma, se valorize o contributo das religiões, no respeito de cada uma delas, de modo que as mesmas possam contribuir para a construção duma sociedade solidária, para beneficio daquele nobre povo e do mundo inteiro.”

Quanto ao continente africano no seu conjunto, a mensagem natalícia do Papa referiu alguns dos países mais carecidos de paz: o Mali, a Nigéria, a RDC e o Quénia…“Que o Natal de Cristo favoreça o retorno da paz ao Mali e da concórdia à Nigéria, onde horrendos atentados terroristas continuam a ceifar vítimas, nomeadamente entre os cristãos.
O Redentor proporcione auxílio e conforto aos prófugos do leste da República Democrática do Congo e conceda paz ao Quénia, onde sangrentos atentados se abateram sobre a população civil e os lugares de culto.”

Quanto à América Latina, Bento XVI recordou os muitos cristãos desta zona do mundo, fazendo votos que o Jesus Menino “faça crescer as suas virtudes humanas e cristãs, sustente quanto se vêem obrigados a emigrar para longe da própria família e da sua terra, e revigore os governantes no seu empenho pelo desenvolvimento e na luta contra a criminalidade”.

E o Papa concluiu a sua Mensagem “Urbi et Orbi”, à Cidade de Roma e ao Mundo, alargando o seu olhar a todo o planeta e fazendo votos de que o nascimento de Jesus – “Deus que apareceu na história” – constitua “um rebento de vida nova para toda a humanidade. Possa cada terra tornar-se uma terra boa, que acolhe e faz germinar o amor, a verdade, a justiça e a paz. Bom Natal para todos!”

Certa alusão à crise que afeta o “mundo ocidental”, sobretudo a Europa, está contida na saudação mais extensa dirigida pelo Papa “aos habitantes de Roma e de toda a Itália”. Recordando que “com o nascimento de Jesus apareceu de novo no mundo o amor de Deus pelos homens”, Bento XVI fez votos de que este amor, contemplado no Natal, “favoreça o espírito de colaboração para o bem comum, leve a refletir sobre a hierarquia de valores com a qual aplicar as opções mais importantes, reaviva a vontade ser solidários e dê a todos a esperança que vem de Deus”.



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