O Papa Bento XVI participou da terceira e última Pregação doTempo do Advento na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, durante a manhã desta sexta-feira, 17.
O pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., abordou o mistério do Natal, que "pode ser ocasião privilegiada para dar um salto de fé. Essa é a suprema 'teofania' de Deus, a mais alta 'manifestação do Sagrado'", disse.
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.: [EM BREVE] A resposta cristã ao racionalismo - terceira pregação
.: A resposta cristã ao secularismo - segunda pregação
.: A resposta cristã ao cientificismo ateu - primeira pregação
O pregador capuchinho afirmou que o secularismo está tirando do Natal o caráter de 'mistério tremendo' - que conduz ao santo temor e à adoração - e conduzindo apenas ao aspecto de 'mistério fascinante', que ressalta somente celebrações familiares, de renas e Papai Noel.
Um auxílio para viver o verdadeiro sentido desta festa é encontrar espaços de silêncio: "A Mãe de Deus é o modelo insuperável deste silêncio natalício. [...] O silêncio de Maria no Natal é mais que um simples silenciar; é maravilha, é adoração; é um 'religioso silêncio', um estar estupefato pela realidade".
O pregador da Casa Pontifícia salientou que vive verdadeiramente o Natal quem é capaz de fazer hoje, "à distância de séculos, aquilo que teria feito se estivesse presente naquele dia. Quem faz aquilo que ensinou a fazer Maria: ajoelhar-se, adorar e silenciar!".
Racionalismo
Frei Cantalamessa centrou suas reflexões na resposta cristã ao racionalismo, fazendo uso de amplos trechos de discursos e outras intervenções do recém-beatificado Cardeal John Newman.
De acordo com o Cardeal inglês, o racionalismo pode ser entendido como a utilização de máximas e conceitos mundanos, sem levar em consideração ou respeitar a lógica própria do campo religioso, propondo a razão como juiz último em assuntos de todas as áreas.
É de se esperar que a contestação recíproca entre fé e razão continue no futuro, na opinião de Cantalamessa. "É inevitável que toda a época refaça o caminho por conta própria, mas nem os racionalistas converterão com os seus argumentos aos crentes, nem os crentes aos racionalistas. É necessário encontrar uma via para romper esse círculo e libertar a fé dessa estreiteza", propõe.
Em todas as suas intervenções, o Beato Newman colocou em destaque um mesmo alerta: não se pode combater o racionalismo com um outro racionalismo, mesmo que de sentido contrário.
Testemunho e sagrado
O frei capuchinho Raniero propôe como via de saída para esse debate a experiência e o testemunho cristão. Embora não levem à fé plena e que salva, podem ajudar a criar o pressuposto de abertura ao mistério, ao que está para além do mundo e da própria razão.
A recuperação do sentido do sagrado é uma etapa necessária no processo de re-evangelização do mundo secularizado, ao que as descobertas da ciência e da técnica não são apenas veículos de desencanto, mas também ocasiões de experiência do divino.
As situações cotidianas também podem ser oportunidade para fazer a experiência com essa 'outra' dimensão:
"O enamoramento, o nascimento do primeiro filho, uma grande alegria. É necessário ajudar as pessoas a abrir os olhos e re-encontrar a capacidade de se surpreender. [...] Para nós crentes, uma ocasião privilegiada deveria ser a liturgia em seu ponto mais forte".
Mística
Essa experiência do sagrado e do divino, que vem de fora, quando é acolhida e cultivada, torna-se experiência subjetiva vivida. Assim surgem os santos e, de modo particular, entre esses, os místicos, "aqueles que experimentaram e viveram o divino", de acordo com a definição de São Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas do século I, citado por Cantalamessa.
Nesse contexto, frei Raniero referiu-se a uma certa moda literária que ressurgiu, neutralizando também a 'prova' vivente da existência de Deus que são os místicos, cuja estratégia não é reduzir o seu número, mas aumentá-lo.
"Refiro-me àqueles que [...] colocam um ao lado do outro, como pertencentes ao mesmo gênero de fenômenos, São João da Cruz e Nostradamus, santos e excêntricos, mística cristã e cabala medieval, hermetismo, teosofismo, formas de panteísmo e até mesmo a alquimia. Os místicos verdadeiros são uma outra coisa e a Igreja tem razão em ser rigorosa no seu juízo sobre eles".
Por fim, afirmou:
"O perigo maior que correm as pessoas religiosas é o de reduzir a fé a uma sequência de ritos e de fórmulas, repetidas talvez até mesmo com escrúpulo, mas mecanicamente e sem íntima participação de todo o ser".
As pregações
O ciclo de pregações estendeu-se ao longo de todas as sextas-feiras deste Tempo Litúrgico da Igreja, finalizando neste dia 17. O tema central – "Coragem! Eu venci o mundo" (João 16, 33) – para uma re-evangelização do mundo secularizado – foi desenvolvido pelo pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., ao longo de diferentes pregações.
Foram tratados principalmente alguns dos obstáculos de fundo da cultura moderna para o acolhimento da mensagem cristã, especialmente o cientificismo, o racionalismo e o secularismo.
"Como todos os 'ismos', indicam o excesso ou a distorção de um valor positivo. São um obstáculo à evangelização porque, com diz o Papa no Motu Proprio Ubicumque et semper, [...] tornam 'refratárias' as populações dos Países de antiga tradição cristã a acolher hoje a mensagem do Evangelho", explica Cantalamessa.
O pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., abordou o mistério do Natal, que "pode ser ocasião privilegiada para dar um salto de fé. Essa é a suprema 'teofania' de Deus, a mais alta 'manifestação do Sagrado'", disse.
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.: [EM BREVE] A resposta cristã ao racionalismo - terceira pregação
.: A resposta cristã ao secularismo - segunda pregação
.: A resposta cristã ao cientificismo ateu - primeira pregação
O pregador capuchinho afirmou que o secularismo está tirando do Natal o caráter de 'mistério tremendo' - que conduz ao santo temor e à adoração - e conduzindo apenas ao aspecto de 'mistério fascinante', que ressalta somente celebrações familiares, de renas e Papai Noel.
Um auxílio para viver o verdadeiro sentido desta festa é encontrar espaços de silêncio: "A Mãe de Deus é o modelo insuperável deste silêncio natalício. [...] O silêncio de Maria no Natal é mais que um simples silenciar; é maravilha, é adoração; é um 'religioso silêncio', um estar estupefato pela realidade".
O pregador da Casa Pontifícia salientou que vive verdadeiramente o Natal quem é capaz de fazer hoje, "à distância de séculos, aquilo que teria feito se estivesse presente naquele dia. Quem faz aquilo que ensinou a fazer Maria: ajoelhar-se, adorar e silenciar!".
Racionalismo
Frei Cantalamessa centrou suas reflexões na resposta cristã ao racionalismo, fazendo uso de amplos trechos de discursos e outras intervenções do recém-beatificado Cardeal John Newman.
De acordo com o Cardeal inglês, o racionalismo pode ser entendido como a utilização de máximas e conceitos mundanos, sem levar em consideração ou respeitar a lógica própria do campo religioso, propondo a razão como juiz último em assuntos de todas as áreas.
É de se esperar que a contestação recíproca entre fé e razão continue no futuro, na opinião de Cantalamessa. "É inevitável que toda a época refaça o caminho por conta própria, mas nem os racionalistas converterão com os seus argumentos aos crentes, nem os crentes aos racionalistas. É necessário encontrar uma via para romper esse círculo e libertar a fé dessa estreiteza", propõe.
Em todas as suas intervenções, o Beato Newman colocou em destaque um mesmo alerta: não se pode combater o racionalismo com um outro racionalismo, mesmo que de sentido contrário.
Testemunho e sagrado
O frei capuchinho Raniero propôe como via de saída para esse debate a experiência e o testemunho cristão. Embora não levem à fé plena e que salva, podem ajudar a criar o pressuposto de abertura ao mistério, ao que está para além do mundo e da própria razão.
A recuperação do sentido do sagrado é uma etapa necessária no processo de re-evangelização do mundo secularizado, ao que as descobertas da ciência e da técnica não são apenas veículos de desencanto, mas também ocasiões de experiência do divino.
As situações cotidianas também podem ser oportunidade para fazer a experiência com essa 'outra' dimensão:
"O enamoramento, o nascimento do primeiro filho, uma grande alegria. É necessário ajudar as pessoas a abrir os olhos e re-encontrar a capacidade de se surpreender. [...] Para nós crentes, uma ocasião privilegiada deveria ser a liturgia em seu ponto mais forte".
Mística
Essa experiência do sagrado e do divino, que vem de fora, quando é acolhida e cultivada, torna-se experiência subjetiva vivida. Assim surgem os santos e, de modo particular, entre esses, os místicos, "aqueles que experimentaram e viveram o divino", de acordo com a definição de São Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas do século I, citado por Cantalamessa.
Nesse contexto, frei Raniero referiu-se a uma certa moda literária que ressurgiu, neutralizando também a 'prova' vivente da existência de Deus que são os místicos, cuja estratégia não é reduzir o seu número, mas aumentá-lo.
"Refiro-me àqueles que [...] colocam um ao lado do outro, como pertencentes ao mesmo gênero de fenômenos, São João da Cruz e Nostradamus, santos e excêntricos, mística cristã e cabala medieval, hermetismo, teosofismo, formas de panteísmo e até mesmo a alquimia. Os místicos verdadeiros são uma outra coisa e a Igreja tem razão em ser rigorosa no seu juízo sobre eles".
Por fim, afirmou:
"O perigo maior que correm as pessoas religiosas é o de reduzir a fé a uma sequência de ritos e de fórmulas, repetidas talvez até mesmo com escrúpulo, mas mecanicamente e sem íntima participação de todo o ser".
As pregações
O ciclo de pregações estendeu-se ao longo de todas as sextas-feiras deste Tempo Litúrgico da Igreja, finalizando neste dia 17. O tema central – "Coragem! Eu venci o mundo" (João 16, 33) – para uma re-evangelização do mundo secularizado – foi desenvolvido pelo pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, O.F.M. Cap., ao longo de diferentes pregações.
Foram tratados principalmente alguns dos obstáculos de fundo da cultura moderna para o acolhimento da mensagem cristã, especialmente o cientificismo, o racionalismo e o secularismo.
"Como todos os 'ismos', indicam o excesso ou a distorção de um valor positivo. São um obstáculo à evangelização porque, com diz o Papa no Motu Proprio Ubicumque et semper, [...] tornam 'refratárias' as populações dos Países de antiga tradição cristã a acolher hoje a mensagem do Evangelho", explica Cantalamessa.
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